Lídia Pereira, deputada do Parlamento Europeu, estreou-se, hoje, na reunião da Câmara Municipal de Coimbra (CMC) como vereadora do PSD, e a sua intervenção causou “fricção” com o presidente e o vice-presidente da Edilidade.
A substituir o vereador social-democrata Paulo Leitão, ausente por compromissos como deputado da Assembleia da República, Lídia Pereira interveio no período de antes da ordem do dia para referir que há “Charters de oportunidades”, mas Coimbra “é uma cidade com um futuro promissor, que tarda demasiado em transformar-se em presente”.
A vereadora, eleita como número dois a nível nacional na lista do PSD ao Parlamento Europeu, caracterizou a actual situação de Coimbra como tendo “uma juventude abandonada”, sendo “uma cidade maltratada”, com “uma economia esquecida” e “uma Universidade ignorada”, com um “poder Municipal que certamente se lembrou de inventar a história de um aeroporto para poder ficar a ver tantas oportunidades a voar”.
“Quando vemos tanta oportunidade desperdiçada não podemos deixar de constatar que o Partido Socialista perdeu a esperança no futuro do Município. Leuven ou Ghent na Bélgica, Helsínquia na Finlândia, ou Bolonha na Itália são exemplos de cidades que o fizeram bem. Não se exigia a esta governação que inventasse a roda, apenas que aprendesse com os bons exemplos em Portugal e na Europa”, referiu.
Segundo Lídia Pereira, Coimbra tem “um conjunto de activos que valorizam o potencial da cidade, como sejam a Universidade e os milhares de diplomados que anualmente lança ao mundo, o rio Mondego, o Instituto Pedro Nunes ou o já esquecido iParque”.
Contudo, na opinião da vereadora e eurodeputada, “estes, que são dos melhores activos que uma cidade pode ter, não deviam ser encarados como fardos ou como pesos, como um sacrifício que tem de se enfrentar”. “Um Executivo Municipal sem mesquinhez, mas com visão e ambição, faria deles o contrapeso para catapultar Coimbra para o futuro”, considera.
No entender de Lídia Pereira, isto acontece “como consequência de termos uma gestão Municipal que vive de costas para o mundo: de costas viradas para a Universidade, de costas viradas para o rio, de costas viradas para o investimento, de costas viradas para a ciência, e de costas viradas para os jovens que aqui nasceram ou que aqui escolheram estudar e aqui gostavam de viver”.
“Coimbra sofre com a fuga de cérebros porque tem uma estratégia autárquica para o desenvolvimento em morte cerebral. A ausência de uma estratégia integrada de desenvolvimento para a cidade, onde público, privado, território, investimento e conhecimento se cruzem é a maior derrota para Coimbra que vê ano após ano a sua esfera de influência social e económica diminuírem” – declarou.
Lídia Pereira sustentou que “temos na Europa cidades vibrantes que se revêm nas universidades e na criação de conhecimento o seu maior activo, que vêm nos seus espaços públicos e nas suas frentes ribeirinhas como pólos de atração de investimento e de fruição de cultura e lazer”. “Em Coimbra podemos investir mais e podemos investir muito melhor”, defendeu.
Para a jovem, natural e formada em economia em Coimbra, “a ausência de uma estratégia integrada de desenvolvimento, onde público, privado, território, investimento e conhecimento se cruzem é a maior derrota para a cidade, que vê ano após ano a sua esfera de influência social e económica diminuírem”.
No final da explanação da vereadora, Manuel Machado, presidente da Câmara, comentou que a intervenção era de “uma jovem que parecia velha” e que “se enganou na porta”. Já o vice-presidente, Carlos Cidade, declarou que “perdoava a intervenção pela juventude e por estar ausente de Coimbra, desconhecendo o que se passa”.
Fonte: Campeão das Províncias