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Diálogo Económico com Mário Centeno

Obrigado Presidente,

Sr. Presidente do Eurogrupo,

Estamos a viver uma crise sem precedentes. É primeiro uma crise sanitária que se estende a um crise económica que, antecipamos, será o maior desafio das nossas vidas. E porventura da história da União Europeia. Das duas uma: ou transformamos a ideia de Europa (e de solidariedade europeia) em respostas concretas, ou arrastamo-nos em debates inconsequentes que colocam países uns contra os outros, em vez de estarmos uns ao lado dos outros, como este tempo exige. Se conseguirmos dar respostas concretas estaremos a ajudar ao combate a esta pandemia e às suas consequências. Se não o conseguirmos fazer, arriscamos perder o apoio dos cidadãos e colocar em causa o próprio projecto europeu. É um momento decisivo.

Nenhum modelo de previsões económicas está preparado para antecipar a dimensão real do impacto desta pandemia, mas os dados que temos hoje indicam que (nos melhores cenários) podemos enfrentar uma recessão superior a 7% do PIB na União e ainda mais significativa na Zona Euro. Quanto mais cedo agirmos, mais eficazes seremos a mitigar as consequências económicas desta pandemia. Não há tempo a perder. Por isso não se compreendem reuniões do Conselho Europeu e do Eurogrupo tão distantes no tempo. Sobretudo quando ao discurso da ambição não correspondem conclusões ambiciosas.

Quando prevemos necessidades de financiamento de larga escala e vários Estados-Membros mobilizam valores acima dos dois dígitos do seu PIB, porquê manter o limite de 2% do PIB para os empréstimos do MEE?

Quando enfrentamos um choque simétrico, sem qualquer “risco moral”, porquê manter a lógica das condicionalidades? E porque usar conceitos indeterminados como “despesas directas e indirectas” quando precisamos de clareza?

Acha que existem condições políticas para alterar o tratado do MEE para eliminar os constrangimentos legais que alguns sempre encontram para adiar a mudança?

Obrigada.